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O que nos motiva cada dia?

motivação

Motivação é uma grande questão que nos faz questionar onde estamos e onde queremos chegar. Neste artigo, confira alguns insights sobre a motivação e sua dinâmica no nosso dia-a-dia.

Querer fazer um bem nos prepara para sermos melhores

Quando o objetivo da nossa vida é a excelência pessoal, cada tomada de decisão produz na nossa personalidade um aumento de qualidade. Adquirimos alguns elementos novos que alguns chamam de virtude, porque se trata de hábitos que vão sendo adquiridos com o passar do tempo. Vamos nos tornando pessoas melhores. Legal, né? Afinal, todos queremos ser melhores cada dia.

Adquirimos virtudes pela repetição dos atos dessas mesmas correspondentes virtudes. Por exemplo, ao escolher praticar repetidamente ações justas e atuar de acordo com essas ações, vamos sendo cada dia mais justos. Mas isso não significa uma rotina, um certo acomodamento a certos padrões de comportamento. O mais decisivo aqui não é o esforço, mas a constância na orientação afetiva àquilo que a nossa razão escolhe como um bem.

Essa dinâmica é o primeiro ponto a considerar no tema da motivação. Se a disposição interior é de fazer o bem, mesmo que não realizemos esse objetivo num primeiro momento, a vitória já foi alcançada. Crescemos na capacidade de fazer o bem e estamos bem mais perto de realizá-lo.

A virtude capacita, portanto, para acertar com o bem na escolha da ação. No entanto, esse bem cada vez é diferente, é contingente e relativo à cada situação concreta. Existem nuances diante das quais é impossível acertar simplesmente por costume. 

O que acontece por mero costume possui o caráter do uniformizado e estereotipado. Isto é diametralmente oposto à virtude, que não pretende submeter o concreto sob um rígido padrão universal. Pelo contrário, a virtude capta a universalidade do moralmente bom e belo precisamente no ato concreto. De nada serviria uma virtude que fosse um mero costume. Assim, advertimos que a virtude só se pode entender como potencialização (desenvolvimento intensivo) da inteligência que julga de modo correto no ato virtuoso.

Adquirir a virtude exige reflexão

A pessoa virtuosa sabe captar a qualidade do “belo” proporcionada pela evidência do que lhe é agradável. Diante do belo nós não nos perguntamos “para que serve o belo”? Somente o saboreamos.

A ética dos gregos era uma ética do bom gosto, hoje infelizmente em falta no ambiente. Por isso, talvez estejamos perdendo a noção dos bons costumes. Não é somente uma questão de educação, mas de estética. O bom gosto estético também não é um mero costume, mas um juízo corretamente formado, que pode captar o conceito universal por trás da realidade do concreto, gostar dele e dar-lhe a sua aprovação. Só esse tema, valeria um artigo.

Mas voltemos ao nosso assunto.

A pessoa virtuosa consegue “ver mais profundamente” e estabelece corretamente a hierarquia de valores. Sabe, por exemplo, submeter-se a um novo horário, se assim o requer o bem de sua família, a saúde ou um bem espiritual. Sabe limitar algumas atividades para manter outras. Deste modo, essa pessoa está ponderando os fins das diversas atividades, estabelecendo determinadas prioridades entre eles, apoiado num objetivo de ordem superior.

A formação dos valores, do sentido da sua hierarquia, da capacidade para distinguir o mais importante do menos importante, é uma condição para o êxito da vida individual, vista na sua totalidade, e para o relacionamento com os outros.

A capacidade de conhecer valores cresce quando se está disposto a submeter-se a eles e diminui quando não há essa disposição. Esse conhecimento dos valores, alcança-se sobretudo pela experiência e pela prática. Assim como uma pessoa aprende a apreciar uma pintura quando aprende a linguagem da arte.

A motivação

Não basta o estudo ou a erudição para arrastar os outros atrás de si e saber motivar. Simplesmente porque o conhecimento intelectual não é suficiente para captar a realidade, especialmente para criar empatia com as pessoas à nossa volta. Também para manter-se motivado num trabalho aparentemente intranscendente como lavar uma louça, atender a campainha da porta ou tirar o lixo de casa.

Nesses casos, falta um traço essencial da perfeição do agir moral: a conaturalidade afetiva com o bem. Ou seja, fazer o bem não em virtude do sentimento do dever e da razão pura, mas por tender ao bem, com todas as potências e capacidades da pessoa. Deste modo, superaremos o problema real e difícil de amar o outro enquanto outro, já que tendemos a amá-lo enquanto objeto da imaginação ou do sentido corporal, e a relação humana se rompe quando se descobre que somente se é instrumento para o outro.

Um homem muito experiente me deu um conselho que jamais esqueci. Daqueles que nos vem com frequência à mente: “não só com o coração, mas sempre com o coração”. Esse é o segredo para um bom relacionamento.

Quem atua desapaixonadamente e sem coração, corre o risco de não atinar com o bem nos aspectos concretos, por faltar-lhe a capacidade – tão importante para um alguém que pretende arrastar e motivar –, de colocar-se no lugar dos outros, experimentando os seus mesmos sentimentos.

O homem magnânimo tem de saber inspirar os outros para que encontre motivação no mais alto nível. Recordemos a esse respeito as certeiras palavras de Antoine de Saint-Exupéry: “Se queres construir um barco, não comece a buscar a madeira, cortar tábuas ou distribuir o trabalho. Evoca primeiro nos homens e nas mulheres o anseio do mar aberto e infinito”.

Busquemos esse “mais alto nível” que os verdadeiros líderes costumam alcançar. De modo geral, nos limitamos a pensar que a satisfação de necessidades do ser humano depende fundamentalmente do que ocorre fora dele. E não é verdade!

Isto é certo – e apenas parcialmente – para as necessidades materiais. Maslow parou por aí. A satisfação das necessidades afetivas depende fundamentalmente de algo que está dentro da pessoa: a sua capacidade de amar. Amar as pessoas e amar o que faz.

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